Preparando o Natal


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O desejo secreto de Annika

Era a antevéspera de Natal. 

Annika raspou alguns pedaços de cera endurecida da cornija da lareira. A sua cabeça estava cheia de sonhos sobre o Natal. Sonhos com arroz-doce. E com a amêndoa. Há dez anos que a esperava e agora só faltava um dia.

Um dia mais para desejar e sonhar.

O seu irmão Erik quebrou o silêncio ao bater no chão de madeira brilhante com um ioiô vermelho.

— O ioiô é meu — reclamou o pequeno Davy, fazendo menção de o agarrar com a muleta.


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O ursinho cor de caramelo

urso bebé 4 m

Ah-ha! Finalmente tinha encontrado o presente perfeito para a meia de Eric!
O urso cor de caramelo estava sentado, todo empoleirado, em exibição junto da montra da frente da loja. Numa mão segurava uma bola de futebol, mesmo com os cordões e tudo e, na outra, um capacete! Depois de ter localizado o urso, já sabia que tinha que me esgueirar até lá mais tarde, para o comprar sem ter os mais pequenos à minha volta. Estava tão entusiasmada!

Todos os anos, a nossa família ia para o centro comercial durante uma hora para arranjarmos as prendas de Natal uns dos outros.


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Pois, e eu sou o Coelhinho da Páscoa!

 

O Natal estava aos poucos a aproximar-se cada vez mais. Pelo menos assim nos parecia a nós, as crianças, que ansiosamente esperávamos ouvir o último e bem-aventurado toque da campainha da escola que iria marcar o início solene das férias da quadra natalícia. O nosso pai não se encontrava na cidade, a nossa mãe estava na mercearia, e a minha irmã e o meu irmão mais velho estavam fora, em visita a amigos. Com a impressionante idade de treze anos, eu estava por minha conta.


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O dom de dar

natal lareira 1m

A Avó e o Avô viviam no outro lado do país e, embora nos telefonássemos e escrevêssemos frequentemente, já tinham passado vinte anos desde que os tinha visto pessoalmente. A saúde deles estava a deteriorar-se, e a idade mantinha-os por casa. As minhas responsabilidades pessoais com o marido, dois filhos jovens e um trabalho a tempo parcial, impediam-me de os visitar.

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Abençoada pelo Amor

1Na noite da morte a esperança vê uma estrela;
e o amor atento consegue ouvir o roçar de uma asa.

Robert Ingersoll

— Posso ficar com este, Connie? — perguntou o meu enteado de dez anos referindo-se a um enfeite de Natal que eu estava a desembrulhar.
Era o segundo sábado antes do Natal e Conan estava a passar o fim de semana connosco. Tínhamos trazido o pinheirinho acabado de cortar para dentro de casa e o meu marido trouxera da cave umas caixas com enfeites. O nosso filho de quatro anos, Chase, juntamente com Conan, ajudavam-me a desembrulhá-los. A nossa filha de um ano, Chelsea, observava atentamente enquanto brincava. Continuar a ler


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O acender das luzes

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Todos os invernos acontecia o mesmo.
Quando as temperaturas desciam e os dias ficavam escuros muito antes do jantar, o pai de Emma acordava-a um dia de manhã e dizia:
— Bom dia, querida! Hoje é o primeiro dia do Hanuká. São horas de irmos buscar a menorá.
Depois do pequeno-almoço, Emma ajudava o pai a tirar a velha menorá de prata do armário da sala de estar. Desdobravam com cuidado o tecido que a envolvia e, em seguida, areavam-na com panos macios para a deixar bem brilhante.
Nesse dia, ao entardecer, o pai de Emma entoava a antiga bênção e a mãe ajudava-a a acender a vela do braço maior do candelabro, cuja chama era depois usada para acender a primeira das oito velas mais pequenas.


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O Natal em que fiquei rica

Ser pobre e satisfeito é ser rico. E bastante rico.
William Shakespeare

Havia uma árvore naquele Natal. Não tão grande e frondosa como outras, mas estava pejada de enfeites e tesouros e resplandecia de luzes. Havia presentes, também. Alegremente embrulhados em papel vermelho ou verde, com etiquetas coloridas e fitas. Mas não tantos presentes como de costume. Eu já tinha reparado que a minha pilha de presentes era muito pequena.

Nós não éramos pobres. Mas os tempos eram difíceis, os empregos escassos, o dinheiro à justa. A minha mãe e eu partilhávamos uma casa com a minha avó e com os meus tios. Naquele ano da Depressão, toda a gente espaçava refeições, levava sanduíches para o trabalho e ia a pé para poupar nos bilhetes de autocarro. Anos antes da Segunda Guerra Mundial, já vivíamos no dia-a-dia, como muitas outras famílias, o que então se iria ouvir como slogan: “Usa-o, aproveita-o ao máximo; faz com que funcione, ou passa sem ele.” Continuar a ler


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O ano novo de Long-Long

Sem Título

— Acorda, Long-Long, estamos quase a chegar!
Long-Long olhou de relance os cestos cheios de salada apetitosa que o avô transportava. Era a primeira vez que ia à cidade.
Nunca vira tanta gente. Pessoas a falar, a andar, a deslocar-se em bicicleta, e a dançar as suas músicas preferidas. Sentia-se que o Ano Novo está perto, e que toda a gente se preparava para a festa. De repente, ouviu-se um grande estrondo.
— Aiah! — exclamou o avô, ao ver o pneu furado da carroça.
— Segura no guiador que eu vou lá atrás empurrar, avô! — ofereceu-se Long-Long.
O sol já ia alto e tinham de despachar-se para chegar ao mercado antes dos primeiros clientes. O avô estava preocupado, porque, se não vendesse a salada, a família não teria dinheiro para a festa do Ano Novo. Com a ajuda do neto, descarregou os cestos; em seguida, Long-Long foi procurar alguém para reparar o pneu.
— Aiah! — gritou uma rapariga, aos ziguezagues com a bicicleta.
Ia em direcção a Long-Long, mas conseguiu travar mesmo a tempo. O peixe fresco que comprara saltou do cesto e as laranjas espalham-se por todo o lado. Long-Long correu a apanhá-las e voltou a pô-las no cesto. A rapariga sorriu abertamente e ofereceu-lhe uma laranja. Continuar a ler


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Uma colcha com história

Sem TítuloQuando a minha bisavó Anna veio para a América, trazia o mesmo espesso casacão e as botas altas que usava no trabalho rural. Mas a família deixou de trabalhar a terra. Em Nova Iorque, o pai passou a carregar coisas para uma camioneta, e o resto da família fazia flores artificiais o dia todo.
Todos tinham pressa, e havia sempre tanta gente na cidade! Não se comparava com a Rússia. Mas agora, esta era a sua casa, e a maioria dos vizinhos era exatamente como eles.
Quando Anna foi para a escola, o inglês que ouvia assemelhava-se a pedras a caírem em águas pouco profundas. Shhh… Shhhhh… Shhh… Mas seis meses bastaram para falar a nova língua. Já os pais nunca chegariam a aprender. Por isso, era ela que falava por eles.
As únicas coisas que tinha guardado da Rússia eram o seu vestido e Continuar a ler


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Uma festa no Ramadão

Sem TítuloLeena rodopiava, em frente à mesa da cozinha, sem fôlego e toda excitada, enquanto a mãe tirava um convite para fora do grande envelope. “Mãe, a Júlia vai ter um pónei na festa, e nós vamos poder montá-lo!” Flocos de confettis esvoaçaram para fora do envelope até à mesa. “Nunca na vida montei um pónei.”
Leena parou de rodopiar quando viu a expressão da mãe alterar-se. “O que se passa, mãe?” perguntou.
“Leena,” disse a Srª Ahmad suavemente, “a festa da Júlia é na próxima sexta-feira, durante as férias da Páscoa. Este ano, calha ser a primeira sexta-feira do Ramadão.”
“Ramadão?” Leena olhou a mãe nos olhos. “Eu vou fazer jejum nesse dia,” disse ela. “Mas não posso perder a festa!”
A mãe ficou calada por um momento. Depois disse Continuar a ler


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Bagels de pimento-jalapenho

Sem Título“O que é que hei de levar para a escola na segunda-feira, para o Dia Internacional?” pergunto à minha mãe. “A professora disse para levarmos algo da nossa cultura.”
“Podes levar algo gostoso da panadería,” sugere ela. Panadería é como a minha mãe chama à nossa padaria. “Ajuda-nos a fazer a massa no domingo — e poderás levar aquilo que quiseres.”
“Combinado,” respondo. Gosto de ajudar na padaria. Lá dentro está quentinho e tudo cheira mesmo bem.
Bem cedo, na manhã de domingo, quando ainda é noite escura, a minha mãe acorda-me.
“Pablo, está na hora de ir para o trabalho,” diz ela. Continuar a ler


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Dia vinte e quatro, véspera de Natal – Peça de teatro

Sem TítuloCENA 1

16:00 / Dentro de casa

Noite Feliz” tinha estado a tocar continuamente em todas as estações de rádio. A neve caía suavemente. Tinha sido assim todo o dia, mesmo à porta de casa.

Um Natal Branco! Nunca antes na vida tinha tido um como este. Era absolutamente lindo.

Este dia vinte e quatro de dezembro.

E o melhor está ainda por vir.

A noite. A que chamam a “noite santa”. Mas isso é só a partir das oito. Até lá reina o caos. Tal como agora.

A minha mãe estava numa fúria! Mais uma vez estava completamente fora de si. A mesma cena, o ano é que era diferente. Sim, o frenesim do Natal estava de regresso uma vez mais! E todos os anos, as razões para os seus acessos de fúria eram diferentes.

Hoje, havia quatro razões.

Razão Número Um:

Às onze da manhã, o meu pai tinha finalmente comprado a árvore de Natal. Continuar a ler


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O Senhor Lohmann

Sem TítuloNão sei que idade teria, mas pertencia àquele grupo de pessoas que supomos terem oitenta anos … há já tês décadas.

Muito raramente saía da casa onde morava. De manhã ia ao correio e, uma vez por semana, à mercearia dos Schmidts. Em criança, todos tínhamos medo dele. Nunca sorria. Os cantos da boca estavam puxados para baixo, a testa sempre maldosamente franzida e, quando ralhava, nós fugíamos. Acreditávamos que o Sr. Lohmann devia comer crianças, embora não tivéssemos provas concretas.

Ele próprio não fazia segredo de que detestava crianças, igrejas e estrangeiros.

Assim, ficou tudo menos entusiasmado quando, pelo outono, a família Rausch se mudou para a casa do lado. “Ainda por cima são estrangeiros”, resmungou, quando soube que os novos vizinhos eram Bielorussos. De propósito, nunca os cumprimentava. Eles, pelo contrário, cumprimentavam-no sempre, amável e insistentemente, até que, ao fim de um mês, não lhe restou mais do que responder à saudação. Continuar a ler


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O milagre

Sem TítuloA dificuldade que se tem no relacionamento com Don Crescenzo resulta do facto de ele ser surdo. Não ouve a mais pequena coisa, mas é demasiado orgulhoso para ler nos lábios. Além disso, não se pode iniciar uma conversa com ele escrevendo simplesmente qualquer coisa num papel. Não; tem de se fazer de conta que ele é ainda uma parte do nosso mundo barulhento e falador.

Quando perguntei a Don Crescenzo como passara o Natal, estava ele sentado numa cadeira de vime à entrada do seu hotel. Eram seis horas e o cortejo das caravanas tinha passado. O silêncio reinava e sentei-me na outra cadeirinha de vime, exatamente por baixo do barómetro com a imagem de publicidade da linha marítima, um barco branco no mar azul. Repeti a minha pergunta e Don Crescenzo levou as mãos às orelhas e abanou a cabeça com pesar. Em seguida, retirou um bloquinho e um lápis do bolso; eu escrevi a palavra Natale e olhei-o, expectante.

Eis, pois, a minha história de Natal que é, na verdade, a de Don Crescenzo.

Outrora pobre, Don Crescenzo é hoje um homem rico, patrão de mais de cem empregados, dono de grandes vinhas e pomares de limões, e de sete casas. Imaginem um rosto que, a cada ano de surdez, vai ficando mais suave, como se os rostos fossem sendo formados e marcados pelo ato constante de falar e responder. Deviam vê-lo a passear por entre os hóspedes do se­u hotel, atencioso e triste, imensamente só! É ainda conveniente saberem como gosta de contar coisas da sua vida e que não fala aos gritos, mas em voz baixa.

Já o escutara muitas vezes e é claro que conhecia a história do Natal. Sabia que começava com a noite em que a montanha “viera”. Continuar a ler


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Uma história pouco feliz

Sem TítuloEsta não é uma história pouco feliz pelo facto de a mãe e a tia Malvina não gostarem muito uma da outra. É verdade que a tia Malvina é um tanto complicada e fez a vida difícil à minha mãe, mas ela já esqueceu isso há muito tempo.

Esta também não é uma história pouco feliz por o meu pai todos os anos, não saber que prendas oferecer. Acontece a muitos homens, e a minha mãe compreende. É sempre ela que compra as prendas para toda a família e chega mesmo a escolher a da tia Malvina. O meu pai fica todo contente.

Não, esta é uma história pouco feliz porque o meu pai, pouco antes do Natal, voltou a ir visitar a tia Malvina, e porque ao mesmo tempo, apareceu o carro para recolher lixo e porque a minha mãe… Mas comecemos do princípio. Continuar a ler


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Bolo-Rei – Mª Rosa Colaço

Sem TítuloTodos os anos, quando os velhos Reis Magos acabam de atravessar a pequena estrada de areia que se esboça entre caminhos de musgo e lagos feitos de bocados de espelho partido; quando a estrela de prata que se suspende entre os dois exemplares de “A Paleta e o Mundo” de Mário Dionísio se recolhe para regressar à velha caixa de papelão, com trinta anos de viagens, cheia de bocados de jornal amachucados que ainda guardam notícias de dias que já foram e onde se embrulham os cordeirinhos, os pastores, as oferendas várias que o Menino Jesus recebeu, apesar de já lhe faltar a mãozinha direita que alguém partiu em excesso de limpeza; todos os anos, dizia, recordo a história que o Fernando Midões me contou, certa tarde em que misturámos poemas com lágrimas.

De calças à golfe, lacinho à Baptista Bastos, fato de ver a Deus e celebrar o Dia de Reis, Fernando foi com a mãe jantar a casa das senhoras, gente de talher de prata, criadas de avental branco e crista engomada, cheias de silêncios e reverências. Continuar a ler


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A filhó dourada – Ant. Torrado

 

A história que vou contar chama-se “A Filhó Dourada”.

Douradas, muito douradinhas são elas todas, empilhadas na travessa, como um castelo por conquistar.

As últimas são as melhores. Têm mais açúcar, desfazem-se mal lhes tocamos… A gente pega delicadamente numa das que sobraram, dá-lhe um impulso que a ponha a deslizar na travessa, para ensopar bem e, num gesto rápido, sem pingar a toalha, mete-a na boca. O estalar dela, de encontro aos nossos dentes, é música com açúcar.

Naquela ceia de Natal, todos tinham comido filhós. Continuar a ler


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Natal nas Asas do Arco-Íris – Alice Cardoso

Sem TítuloEra uma vez uma cidade cinzenta. As casas, as ruas, as árvores e o rio, eram cinzentos… Todo o céu que envolvia a cidade era cinzento…

As pessoas vestiam-se com roupas em tons de cinzento e os seus rostos eram tristes e carrancudos. Andavam sempre agitadas, demasiado ocupadas e sem tempo para conversar, rir ou passear.

Jerónimo vivia na cidade cinzenta e, tal como as outras crianças, sentia-se muito triste.

O Natal estava a chegar e sempre que ele pedia aos pais para o ajudarem a escrever a carta ao Pai Natal, a resposta era:

“Não tenho tempo. Há coisas mais importantes em que pensar.”

Jerónimo não compreendia… O que poderia ser mais importante do que o Natal? Continuar a ler


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Um gato chamado «Natal»

Alan abriu a porta das traseiras na manhã de Natal e encontrou o pátio coberto com um belo manto de neve branca e cintilante. Mas não lhe encontrou qualquer beleza.

Alan sentia-se infeliz, como acontecia muitas vezes, porque não recebera o que queria no Natal. Em vez da arma BB que pedira, Alan recebera uma bicicleta nova. Era uma bicicleta vermelha, reluzente, com rodas cromadas e borlas azuis e brancas, presas no guiador.

A maioria das crianças teria ficado contente se a encontrasse ao lado da árvore na manhã de Natal, mas Alan não.


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O Pinheirinho – Hans Christian Andersen

  

Pensa no Natal e, provavelmente, pensarás numa árvore de Natal. Na maioria dos locais onde o Natal é celebrado, a árvore é muito importante. Significa uma vida nova e promete a vinda de dias mais claros na Primavera. A versão de Jenny Koralek deste conto de Hans Christian Andersen é melancólica, mas gosto da intensidade do seu sentimento, cheio da ansiedade e da tristeza que sentimos, à medida que a festa chega ao fim. Guarda este conto para o leres em voz alta com toda a família no dia de Reis. Não comeces, até que todos tenham ajudado a arrumar as luzes e as decorações e até que haja um trilho de fagulhas castanhas desde a sala de estar até à fogueira ao ar livre. Então, estarás, precisamente, num momento de boa disposição para o fazer…

Lá fora, na floresta, encontrava-se um pequeno e belo Pinheirinho. Nasceu num lugar agradável, onde havia muita luz e muito ar. Estava rodeado de muitas árvores maiores — pinheiros, e abetos também — mas o Pinheirinho ansiava por crescer mais. Não dava valor ao ar fresco, ou às crianças que vinham tagarelar para a floresta e procurar morangos e framboesas. Continuar a ler


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Noite de Natal – Sophia de Mello Breyner

O amigo

Era uma vez uma casa pintada de amarelo com um jardim à volta.

No jardim havia tílias, bétulas, um cedro muito antigo, uma cerejeira e dois plátanos. Era debaixo do cedro que Joana brincava. Com musgo e ervas e paus fazia muitas casas pequenas encostadas ao grande tronco escuro. Depois imaginava os anõezinhos que, se existissem, poderiam morar naquelas casas. E fazia uma casa maior e mais complicada para o rei dos anões.

Joana não tinha irmãos e brincava sozinha. Mas de vez em quando vinham brincar os dois primos ou outros meninos. E, às vezes, ela ia a uma festa. Mas esses meninos a casa de quem ela ia e que vinham a sua casa não eram realmente amigos: eram visitas. Faziam troça das suas casas de musgo e maçavam-se imenso no seu jardim.

E Joana tinha muita pena de não saber brincar com os outros meninos. Só sabia estar sozinha. Continuar a ler


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Hoje é Natal – José Vaz

O avô Fernando chegou de longe com uma mala muito pesada. Ajudei-o a levá-la para o meu quarto e não o larguei mais, enquanto não a abriu. O que traria ele dentro daquela mala tão grande? Prendas de Natal? Surpresas? Brinquedos? Livros? – perguntava a mim próprio. Mortinho de curiosidade, andei à sua volta como uma mosca, a zumbir perguntas.
— Ó avô, o que é que trazes?
— Tem calma, tem paciência, que logo te mostro! – aconselhou, ainda com a voz ofegante por ter carregado comigo aquela mala.
— Anda lá, diz-me só a mim, que eu não digo a mais ninguém!
— As prendas e as surpresas só se mostram logo, depois da ceia. Não sejas chato!
— Diz-me, que eu prometo guardar segredo! – insisti.
Como tinha de entregar à minha mãe uns produtos para a ceia, que tinha trazido da sua terra, começou a abrir a mala devagarinho e eu fiquei à espera que de lá de dentro saísse qualquer coisa de mágico: um avião que voasse – vrrruuum, vrrruuummm – ou uma coisa assim… capaz de fazer pasmar os meus amigos. Continuar a ler


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Uma estrela subiu ao céu – Willi Fährmann

Sem TítuloEstava no chão do recreio, no meio da sujidade. No fim do intervalo grande, Regina pegou nela. Era uma bolacha de Natal em forma de estrela, escura e com uma espessa cobertura de açúcar.

Na sala, Regina pôs a estrela na secretária, em frente da professora, a D. Mariana.

— Encontrei-a no recreio — disse.

— Alguém a deitou fora — disse Carolina.

— Está suja e já ninguém pode comê-la. — disse Francisco.

— Se alguém tivesse fome de verdade, comia-a — assegurava Regina. Continuar a ler


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A boneca

Sem Título

— Não leves sempre essa boneca suja contigo para a cama — disse a mãe de Eva.

— A minha Anita não é nenhuma boneca suja. — respondeu Eva — A minha Anita é muito querida.

— Mas está muito feia — continuou a mãe. — Olha só para a cara e para os cabelos dela!

Quando se olha para a boneca Anita, assim, sem se gostar dela, tem de se admitir. Bonita, não é. As bochechas estão cinzentas e a esboroar-se de tantos beijos e tantas lavagens. Já não tem propriamente um nariz, apenas uma saliência suja, e dos cabelos castanhos já só ficou um pequeno tufo de cabelos ralos.

Isto não incomodava Eva, mas a mãe dizia-lhe constantemente:

— Não queres pedir uma boneca nova pelo Natal? — perguntava-lhe.

Eva apertava a Anita contra si e dizia:

— Não! Continuar a ler


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Uma estrela com luz de poesia – J. J. Letria

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De repente, passou uma pequena nuvem de tristeza sobre os olhos de Francisca. A avó Josefa partira há dois anos para um sítio de onde ninguém costuma mandar notícias. Antes da partida ainda sofreu muito, e tão depressa a queria junto de si, para sentir o calor do seu carinho, como a queria longe, para não se aperceber dos rostos que o sofrimento pode ter.

Francisca ainda era pequena mas Continuar a ler