Preparando o Natal


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Na solidão de um tempo…

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I

Na solidão
de um tempo
que os homens ignoram
uma Criança espera.

Na espiral dos desejos vãos
uma Criança observa
o escoar das horas.

Frágil.

A sapiência humana despreza-a.
O tropel das paixões abafa-lhe a voz.

Na miragem do ter
a Verdade desvanece-se.

A intolerância e a ambição
semeiam a cegueira.

Surda
a canção da infância.

II

Menino-Saudade…
Para onde foi
o teu riso confiante
o teu olhar de transparência?
A mágoa de perder-te
infante
nos caminhos do tempo
e da ausência!

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Noite de Natal – Sophia de Mello Breyner

O amigo

Era uma vez uma casa pintada de amarelo com um jardim à volta.

No jardim havia tílias, bétulas, um cedro muito antigo, uma cerejeira e dois plátanos. Era debaixo do cedro que Joana brincava. Com musgo e ervas e paus fazia muitas casas pequenas encostadas ao grande tronco escuro. Depois imaginava os anõezinhos que, se existissem, poderiam morar naquelas casas. E fazia uma casa maior e mais complicada para o rei dos anões.

Joana não tinha irmãos e brincava sozinha. Mas de vez em quando vinham brincar os dois primos ou outros meninos. E, às vezes, ela ia a uma festa. Mas esses meninos a casa de quem ela ia e que vinham a sua casa não eram realmente amigos: eram visitas. Faziam troça das suas casas de musgo e maçavam-se imenso no seu jardim.

E Joana tinha muita pena de não saber brincar com os outros meninos. Só sabia estar sozinha. Continuar a ler