Preparando o Natal

Natal descartável – poesia

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Natal descartável

O Pai Natal
de todas as ilusões
sulca os céus da expectativa.
No seu enorme saco
(pequeno embora
para tantos desejos)
transporta leitores de MP3,
consolas de jogos,
os sofisticados brinquedos
da última vaidade.
De estrelas nos olhos
crianças esperam.
Ansiosas.
As canções de Natal
vibram nos ares.
Próximo
o momento de magia.
Frenéticas mãos
desembrulham presentes.
Surpresa…
ou nem por isso.
As horas passam
num relâmpago
e um outro dia vem.
E também esse já passou.
No decurso dos dias
novos desejos nascem.
Implacáveis
crescem.
Crianças —
— terreno de todas as sementeiras…
O último Natal
já pertence ao passado.
Descartemo-lo, então.
Não deve o velho
dar lugar ao novo?
Ladeiras do egoísmo,
tão fáceis de descer…
Alheios
os adultos complacentes.
Em que margens
esquecidas
terão deixado o sonho?
Em que confins
de mares já sem regresso?
Amargo
o tempo de colher.

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